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segunda-feira, 23 de maio de 2011
Inscrições para o Enem 2011 começam hoje.
A partir das 10h de hoje (23), estudantes interessados em participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011 podem se inscrever no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O processo segue até as 23h59 do dia 10 de junho, exclusivamente pela internet.
As provas serão aplicadas nos dias 22 e 23 de outubro. A previsão do Inep é que o número de inscritos passe dos 5 milhões. O valor da taxa é de R$ 35, mas estudantes que estão concluindo o ensino médio em escola pública não pagam.
Em 2009, o MEC deu início a um projeto de substituição dos vestibulares tradicionais pelo Enem como forma de ingresso na universidade. A partir do resultado da prova, os alunos se inscrevem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país. No ano passado, foram ofertadas 83 mil vagas em 83 instituições, sendo 39 universidades federais.
A participação no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). Os benefícios são distribuídos a partir do desempenho do candidato no exame e podem ser integrais ou parciais, dependendo da renda da família. Para participar do programa é necessário ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou em colégio privado com bolsa integral.
A matriz com os conteúdos que serão cobrados na prova estão disponíveis em edital publicado na última semana no Diário Oficial da União.
Link para iscrição :http://sistemasenem2.inep.gov.br/inscricao/
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Exército lança concurso com 1.357 oportunidades para sargentos
O Exército Brasileiro abriu concurso para admissão no curso de formação de sargentos. São oferecidas 1.357 oportunidades de nível médio distribuídas entre as áreas de combatente/logística-técnica (1.170), aviação (25), música (62) e área de saúde (100). As remunerações não foram citadas no edital de abertura.
Para participar da seleção, é necessário ser do sexo masculino (exceto para a área de saúde, que admite a inscrição de mulheres), possuir no mínimo 16 e no máximo 24 anos de idade até o dia 31 de dezembro do ano de matrícula (para os candidatos das áreas de música e saúde o limite de idade é de até 26 anos) e medir no mínimo 1,60m, para o sexo masculino ou 1,55m para o sexo feminino. Os candidatos da área saúde ainda devem ter concluído o curso de graduação ou de técnico em Enfermagem.
O curso de formação será divididos em cursos de período básico e de qualificação. O primeiro terá duração de 34 semanas e será ministrado nas cidades de Juiz de Fora (MG), Pouso Alegre (MG), Rio de Janeiro (RJ), Jundiaí (SP), Pirassununga (SP), Campo Grande (MS), Jataí (GO), Altamira (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Alegrete (RS) e Blumenau (RS). Já o curso de qualificação terá duração de 43 semanas e acontecerá nas cidades de Três Corações (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Taubaté (SP).
Os candidatos que optarem pela área música poderão escolher até três naipes de instrumentos para tocar, são eles: clarineta, fagote, flauta, oboé, saxhorne, saxofone, tuba, trombone, trompa e trompete.
Interessados devem se inscrever pelo site www.esa.ensino.eb.br até o dia 10 de junho. O valor da taxa de participação é de R$ 70. A prova intelectual será aplicada no dia 23 de outubro. Os candidatos ainda passarão por valoração de títulos, avaliação psicológica, inspeção de saúde, exame de aptidão física e exame de habilitação musical apenas para os cargos da área de música.
Aeronáutica abre 215 vagas para curso preparatório de cadetes-do-ar .
A Aeronáutica abriu seleção para o Exame de Admissão ao Curso Preparatório de Cadetes-do-Ar do ano de 2012 (CPCAR). São oferecidas 215 oportunidades apenas para homens que possuem nível fundamental completo.
Interessados devem se inscrever de 3 de junho a 4 de julho pelo site páginas www.barbacena.com.br/epcar/concursos.htm ou www.fab.mil.br. A taxa de participação custa R$ 60. As provas escritas serão aplicadas no dia 20 de agosto.
Os candidatos realizarão prova escrita no dia 20 de agosto nas cidades de Belém (PA), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Canoas (RS), Brasília (DF) e Manaus (AM). Haverá também inspeção de saúde, exame de aptidão psicológica, teste de avaliação do condicionamento físico, análise e conferência dos critérios exigidos e da documentação prevista para a matrícula no curso.
O curso preparatório terá duração de três anos e corresponderá ao Ensino Médio. A capacitação será realizada pela Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), em Barbacena (MG). Durante o curso, os alunos (praças) terão direito à remuneração (valor não especificado no edital), alimentação, alojamento, fardamento, assistência médico-hospitalar e dentária. A conclusão do CPCAR com aproveitamento possibilita ao aluno concorrer à seleção destinada ao ingresso no Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV) da Academia da Força aérea (AFA).
Publicado edital com regras para a edição deste ano do Enem
O Diário Oficial da União publica hoje (19) o edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com regras para a edição 2011 do exame, que vai ocorrer nos dias 22 e 23 de outubro.
As inscrições começam a partir da próxima segunda-feira (23) e vão até 10 de junho, e só poderão ser feitas pela internet.
O edital traz informações aos alunos que estão concluindo o ensino médio este ano ou que já tenham terminado em anos anteriores.
O anúncio da data foi feito ontem (18) pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman. Ela informou que, a partir de 2012, a avaliação terá duas edições.
Segundo Malvina, a primeira está programada para 28 e 29 de abril, e a definição da segunda edição dependerá das datas das eleições municipais. A intenção, segundo ela, é dar aos estudantes mais oportunidades para concorrer a vagas em instituições de educação superior, a bolsas do Programa Universidade Para Todos (ProUni) e ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies).
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Comandante da PM quer realização de concurso ainda este ano
O concurso para formação de oficial da PM poderá acontecer no segundo semestre deste ano. A informação foi confirmada na tarde desta quinta-feira (28) pelo comandante geral da Polícia Militar, Coronel Araújo. Segundo ele, o processo seletivo ainda não tem data confirmada, mas confirma a abertura de pelo menos 100 vagas.
De acordo com o coronel, está sendo pleiteada uma ação junto ao governo para que o concurso aconteça como parte do vestibular da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). Os interessados deverão se inscrever para o vestibular e optar pelo curso para oficial, que segundo o coronel terá duração e três anos.
Na primeira etapa do concurso, os candidatos serão submetidos às provas aplicadas para os cursos da área de humanas. Já durante o curso, os alunos terão aulas teóricas e práticas, em tempo integral.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Concurseiro pode usar internet como grande aliada; confira dicas
Se você é do tempo que a internet se resumia as salas de bate-papo e conversas online com seus amigos através do Mirc, trata-se de se atualizar. A web vem se tornando uma forte aliada de aprendizado e já conquistou boa parte dos candidatos que se preparam aos concursos públicos. As novas ferramentas disponibilizadas na grande rede, como aulas gravadas, vídeos e “tira dúvidas” com o professor via email fazem parte da modernidade e podem fazer aquela diferença na hora da seleção.
A bacharel em direito e relações públicas Weslayne Holanda, de 33 anos, utilizou a internet como aliada nos estudos para o concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 2009, no qual foi aprovada. Segundo ela, a maior vantagem dessa “conexão 3.0” com às novas tecnologias foi a comodidade. “Tive a chance de permanecer por mais tempo em casa. Além disso, não sofria problemas no trânsito, como estacionamento e engarrafamento”, afirma.
Mas, as vantagens não param por aí. Um curso feito pela internet ainda tem a vantagem do preço. “Os valores eram sempre mais em conta do que os cursos presenciais. Pela internet, consegui aprender conteúdos de processo de trânsito e direito penal perfeitamente”, conta Weslayne. Outro ponto a favor das aulas na web, de acordo com a concurseira, foi a oportunidade de assistir a mesma aula diversas vezes. “Assim, eu tive a chance de memorizar os conteúdos sem o barulho tradicional de uma sala de aula”, diz.
Com experiência tanto no segmento das aulas tradicionais quanto via web, o coordenador do Isoladas.com, o professor Flávio Ferreira, revela que a tendência das aulas pela internet não ficam apenas restritas aos preparatórios às seleções públicas. “Algumas faculdades ou mesmo cursos técnicos disponibilizam aulas pela web. É uma tendência que vem crescendo por conta da comodidade e mesmo segurança para o aluno que assiste aqueles conteúdos em casa”, revela.
Além desses fatores, o professor revela que os cursos realizados via internet favorecem aos estudantes que cursam, por exemplo, duas graduações ao mesmo tempo. Por outro lado, aqueles que também cursam uma única faculdade e possuem um emprego ou estágio também são beneficiados. “É um forte grupo hoje em dia. Algumas matérias (disciplinas) são oferecidas na internet por R$ 30”, frisa Flávio.
Cuidados necessários
Mas nem tudo é positivo nesta conexão com o mundo digital. Com a inserção dos hábitos online, o concurseiro passa a trocar os livros tradicionais por conteúdos de sites e blogs. Esta ferramenta, apesar de ser mais ágil, exige alguns cuidados. Segundo a professora de português Ana Lídia Queiroz, o concurseiro deve observar quais sites são mais confiáveis e verificar a mesma informação em outros meios, como livros, apostilas e até mesmo jornais.
“Hoje em dia, a internet é o primeiro livro do aluno. E, por ter um conteúdo mais acessível e em grande quantidade, sempre é bom verificar a origem dos dados”, comenta Lídia. Mas, esta “ameaça” no informação também pode ser evitada com a nova roupagem do livro tradicional. Ou seja, os e-books (livros digitais). “A solução neste caso também é baixar os livros gratuitos que são oferecidos na internet ou acessar blogs de professores conhecidos no mercado. Desta forma, o conteúdo se torna um aliado”, defende Flávio Ferreira.
Saiba mais
Confira alguns portais e sites
dedicados aos concurseiros
Euvoupassar.com.br
Com apenas R$1, o estudante pode conferir aulas e acessar as dicas de professores no portal
euvoupassar.com.br
Isoladas.com
O site oferece disciplinas isoladas e cursos completos na preparação de seleções públicas. Um curso de direito penal, com 27h, pode sair por duas parcelas de R$ 60
isoladas.com
Livrosnotwitter
Se o concurseiro seguir o perfil da Editora Ferreira, pode concorrer a livros gratuitos
twitter.com/editoraferreira
Fórum
Site atualizado por pessoas que já foram aprovadas em seleções e concurseiros. Lá, quem estiver se preparando pode salvar provas de concursos antigos e tirar dúvidas sobre alguns certames
forumconcurseiros.com
Resumo do livro Negrinha de Monteiro Lobato , uma das obras do vest. 2012 UFRN
Livro publicado em 1920, leva o título do conto inicial e as edições sucessivas foram acolhendo novos textos. Predominam os contos constituídos por 'casos'[às vezes tétricos, às vezes lúgubres]. Mantêm-se as denúncias do atraso da sociedade brasileira, o humor irreverente, o sentido polêmico doutrinário e didático voltado para as reformas das instituições anacrônicas da República Velha.
Em alguns contos há a incorporação, no estilo de Lobato, de certas conquistas da vanguarda literária modernista: o ritmo narrativo de corte moderno [frases curtas, nominais, telegráficas].
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono [uma cadeira de balanço na sala de jantar], ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma - 'dona de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral', dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
- Quem é a peste que está chorando aí? Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
- Cale a boca, diabo! No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer... Assim cresceu Negrinha - magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés, Não compreendia a idéia dos grandes.
Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora: castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta. - Sentadinha aí, e bico, hein? Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas. - Braços cruzados, já, diabo! Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas - um cuco tão engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por dentro, feliz um instante. Puseram-na depois a fazer croché, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que idéia faria de, si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim - por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida - nem esse de personalizar a peste... O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo.
Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta... A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a policia! 'Qualquer coisinha': uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!” ... O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo: - Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!... Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade. Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha [bom! bom! bom! gostoso de dar] e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo, equivalente ao puxão de orelha.
A esfregadela: roda de tapas, cascudos, pontapés e safanões a uma - divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante: para 'doer fino' nada melhor! Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente. Não sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha coisa de rir - um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não sofreou a revolta - atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias. 'Peste?' Espere aí! Você vai ver quem é peste - e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se. - Eu curo ela!. - disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias. - Traga um ovo. Veio o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta, gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um canto aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto, a boa senhora chamou: - Venha cá! Negrinha aproximou-se. - Abra a boca! Negrinha abriu a boca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher, tirou da água 'pulando' o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só.
Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
- Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste? E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava. - Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre órfã, filha da Cesária - mas que trabalheira me dá! - A caridade é a mais bela das virtudes cristãs, minha senhora murmurou o padre.
- Sim, mas cansa...
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente. Inda é o que vale... Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas, pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas. Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do céu - alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum castigo tremendo. Mas abriu a boca: a sinhá ría-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado - e findo o seu inferno - e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos. Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: 'já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga?' Com lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos - a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre.
- Quem é, titia? - perguntou uma das meninas, curiosa.
- Quem há de ser? - disse a tia, num suspiro de vítima. - Uma caridade minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfa. Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora. - Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! - refletiu com suas lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em imaginação com o cuco. Chegaram as malas e logo: - Meus brinquedos! - reclamam as duas meninas. Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos. Que maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava 'mamã'... que dormia... Era de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
- É feita?... - perguntou, extasiada. E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça. Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la. As meninas admiraram-se daquilo.
- Nunca viu boneca? - Boneca? - repetiu Negrinha.
- Chama-se Boneca? Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
- Como é boba - disseram.
- E você como se chama? - Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca: - Pegue! Negrinha olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo.
Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena. Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se. Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo - estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida: Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein? Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu. Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha... Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma - na princesinha e na mendiga. E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca - preparatório -, e o momento dos filhos - definitivo.
Depois disso, está extinta a mulher. Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa - e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava! Assim foi - e essa consciência a matou. Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada. Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida. Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos.
Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos. Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, enverienara-a. Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma. Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e, anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça - abraçada, rodopiada.
Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta. Mas, imóvel, sem rufar as asas. Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou... E tudo se esvaiu em trevas. Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira - uma miséria, trinta quilos mal pesados ...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas. - 'Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?' Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia. - 'Como era boa para um cocre!...
Em alguns contos há a incorporação, no estilo de Lobato, de certas conquistas da vanguarda literária modernista: o ritmo narrativo de corte moderno [frases curtas, nominais, telegráficas].
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono [uma cadeira de balanço na sala de jantar], ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma - 'dona de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral', dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
- Quem é a peste que está chorando aí? Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
- Cale a boca, diabo! No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer... Assim cresceu Negrinha - magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés, Não compreendia a idéia dos grandes.
Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora: castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta. - Sentadinha aí, e bico, hein? Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas. - Braços cruzados, já, diabo! Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas - um cuco tão engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por dentro, feliz um instante. Puseram-na depois a fazer croché, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que idéia faria de, si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim - por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida - nem esse de personalizar a peste... O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo.
Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta... A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a policia! 'Qualquer coisinha': uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!” ... O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo: - Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!... Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade. Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha [bom! bom! bom! gostoso de dar] e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo, equivalente ao puxão de orelha.
A esfregadela: roda de tapas, cascudos, pontapés e safanões a uma - divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante: para 'doer fino' nada melhor! Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente. Não sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha coisa de rir - um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não sofreou a revolta - atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias. 'Peste?' Espere aí! Você vai ver quem é peste - e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se. - Eu curo ela!. - disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias. - Traga um ovo. Veio o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta, gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um canto aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto, a boa senhora chamou: - Venha cá! Negrinha aproximou-se. - Abra a boca! Negrinha abriu a boca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher, tirou da água 'pulando' o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só.
Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
- Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste? E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava. - Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre órfã, filha da Cesária - mas que trabalheira me dá! - A caridade é a mais bela das virtudes cristãs, minha senhora murmurou o padre.
- Sim, mas cansa...
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente. Inda é o que vale... Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas, pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas. Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do céu - alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum castigo tremendo. Mas abriu a boca: a sinhá ría-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado - e findo o seu inferno - e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos. Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: 'já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga?' Com lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos - a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre.
- Quem é, titia? - perguntou uma das meninas, curiosa.
- Quem há de ser? - disse a tia, num suspiro de vítima. - Uma caridade minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfa. Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora. - Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! - refletiu com suas lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em imaginação com o cuco. Chegaram as malas e logo: - Meus brinquedos! - reclamam as duas meninas. Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos. Que maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava 'mamã'... que dormia... Era de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
- É feita?... - perguntou, extasiada. E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça. Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la. As meninas admiraram-se daquilo.
- Nunca viu boneca? - Boneca? - repetiu Negrinha.
- Chama-se Boneca? Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
- Como é boba - disseram.
- E você como se chama? - Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca: - Pegue! Negrinha olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo.
Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena. Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se. Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo - estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida: Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein? Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu. Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha... Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma - na princesinha e na mendiga. E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca - preparatório -, e o momento dos filhos - definitivo.
Depois disso, está extinta a mulher. Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa - e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava! Assim foi - e essa consciência a matou. Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada. Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida. Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos.
Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos. Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, enverienara-a. Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma. Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e, anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça - abraçada, rodopiada.
Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta. Mas, imóvel, sem rufar as asas. Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou... E tudo se esvaiu em trevas. Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira - uma miséria, trinta quilos mal pesados ...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas. - 'Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?' Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia. - 'Como era boa para um cocre!...
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Resenha da Obra Memorias Póstumas de Brás Cubas , uma das obras que serão cobradas no vestibular 2012.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é um romance escrito por Machado de Assis, desenvolvido em princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880, na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado como livro, pela então Tipografia Nacional.
O livro marca um tom cáustico e novo estilo na obra de Machado de Assis, bem como audácia e inovação temática no cenário literário nacional, que o fez receber, à época, resenhas estranhadas. Confessando adotar a "forma livre" de Laurence Sterne em seu Tristram Shandy (1759-67), ou de Xavier de Maistre, o autor, com Memórias Póstumas, rompe com a narração linear e objetivista de autores proeminentes da época como Flaubert e Zola para retratar o Rio de Janeiro e sua época em geral com pessimismo, ironia e indiferença — um dos fatores pelos quais a fez ser amplamente considerada a obra que iniciou o Realismo no Brasil.[1][2][3]
Narrado em primeira pessoa, seu autor é Brás Cubas, um "defunto-autor", isto é, um homem que já morreu e que deseja escrever a sua autobiografia. Nascido numa típica família da elite carioca do século XIX, do túmulo o morto escreve suas memórias póstumas começando com uma "Dedicatória": Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas. Seguido da dedicatória, no outro capítulo, "Ao Leitor", o próprio narrador explica o estilo de seu livro, enquanto o próximo, "Óbito do Autor", começa realmente com a narrativa, explicando seus funerais e em seguida a causa mortis, uma pneumonia contraída enquanto inventava o "emplastro Brás Cubas", panacéia medicamentosa que foi sua última obsessão e que lhe "garantiria a glória entre os homens". No Capítulo VII, "O Delírio", narra o que antecedeu ao óbito.
No Capítulo IX, "Transição", principiam propriamente as memórias. Brás Cubas começa revendo a própria infância de menino rico, mimado e endiabrado: desde cedo ostentava o apelido de "menino diabo" e já dava mostras da índole perversa quebrando a cabeça das escravas quando não era atendido em algum querer ou montando num dos filhos dos escravos de sua casa, o moleque Prudêncio, que fazia de cavalo. Aos dezessete anos, Brás Cubas apaixona-se por Marcela, "amiga de rapazes e de dinheiro",[5] prostituta de luxo, um amor que durou "quinze meses e onze contos de réis",[6] e que quase acabou com a fortuna da família.
A fim de se esquecer dessa decepção amorosa, o protagonista foi enviado a Coimbra, onde se formou em Direito, após alguns anos de boêmia desbravada, "fazendo romantismo prático e liberalismo teórico".[7] Retorna ao Rio de Janeiro por ocasião da morte da mãe. Depois de namorar inconseqüentemente Eugênia, "coxa de nascença",[8] filha de D. Eusébia, amiga pobre da família, o pai planeja induzi-lo na política através do casamento e encaminha o relacionamento do filho com Virgília, filha do Conselheiro Dutra, que apadrinharia o futuro genro. Porém Virgília prefere casar-se com Lobo Neves, também candidato a uma carreira política. Com a morte do pai de Brás Cubas, instaura-se um conflito entre ele e sua irmã, Sabina, casada com Cotrim, por conta da herança.
Quando Virgília reaparece, anunciada pelo primo Luís Dutra, reencontra-se com Brás Cubas e tornam-se amantes, vivendo no adultério a paixão que não tiveram quando noivos. Virgília engravida, no entanto a criança morre antes de nascer. Para manter discreta sua relação amorosa, Brás Cubas corrompe Dona Plácida, que por cinco contos de réis aceita figurar-se como moradora de uma casinha na Gamboa, que na verdade serve de encontro entre os amantes. Então segue-se o encontro do protagonista com Quincas Borba, amigo de infância que agora miserável lhe rouba o relógio, devolvendo-lhe depois. Quincas Borba, filósofo doido, apresenta ao amigo o Humanitismo.
Perseguindo a celebridade ou procurando uma vida menos tediosa, Brás Cubas torna-se deputado, enquanto Lobo Neves é nomeado presidente de uma província e parte com Virgília para o Norte, porquanto que termina a relação dos amantes. Sabina arranja uma noiva para Brás Cubas, a Nhã-Loló, sobrinha de Cotrim, de 19 anos, mas ela morre de febre amarela e Brás Cubas torna-se definitivamente um solteirão. Tenta ser ministro de estado mas fracassa; funda um jornal de oposição e fracassa. Quincas Borba dá os primeiros sinais de demência. Virgília, já velha e desfigurada em sua beleza, solicita a ele o amparo à indigência de Dona Plácida, que morre em seguida. Morrem também Lobo Neves, Marcela e Quincas Borba. Eugênia é encontrada num cortiço. A última tentativa de glória, portanto, é o "emplasto Brás Cubas", remédio que curaria todas as doenças; ironicamente, numa de suas saídas à rua para cuidar de seu projeto, molha-se na chuva e apanha uma pneumonia, da qual vem a falecer, aos 64 anos. Virgília, acompanhada do filho, vai visitá-lo na cama e, após longo delírio, morre assistido por alguns familiares. Depois de morto, começa a contar, de trás para frente, a história de sua vida e escreve assim as últimas linhas do capítulo derradeiro:
Tornou-se comum atribuir à leitura do livro um caráter de diversão e prazer por detrás de sua perspectiva desencantada.[4] Entre seus traços, destacam-se os do universalismo, psicologismo, de arquétipos e o uso de um estilo "enxuto" por primar "pelo equilíbrio, pela disciplina clássica, pela correção gramatical e pela concisão, pela economia vocabular".[24] Assim, Machado seria sóbrio e parcimonioso, ao contrário de Castro Alves, José de Alencar e Rui Barbosa que abusariam imoderamente do adjetivo e do advérbio.[24] De fato, Francisco Achcar escreve que o livro é sem vocabulário difícil e que "alguma dificuldade que pode ter um leitor de hoje se deve ao fato de que certas palavras caíram em desuso".[25] A linguagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, contudo, não é simétrica e mecânica, mas possui um ritmo.[24]
O livro é permeado por intertextualidade e ironias. O segundo recurso logo nota-se na "Dedicatória" de Brás Cubas ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver. A ironia é vista como uma forma de "revolta pela vida" usada por Machado para fazer rir, quando como por exemplo Brás Cubas escreve: a sabedoria humana não vale um par de botas curtas [...] Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca à personagem que era coxa de nascença, num célebre exemplo de humor negro.[26] O primeiro recurso, por sua vez, refere-se às referências machadianas aos estilos de outros grandes autores do Ocidente: "Na maioria dos casos, essas referências são implícitas, só podem ser percebidas por leitores familiarizados com as grandes obras da literatura."[27] Brás Cubas, por exemplo, refere-se no início do livro à Xavier de Maistre e depois a obras como a Suma Teológica.[28] Por conta disso os críticos notam que o estilo machadiano é "culto" por "fazer uso da cultura e sua compreensão aprofundada exige cultura da parte do leitor."[29] Para saber mais sobre as intertextualidades no livro, vá à seção Influências literárias abaixo.
Entre as diversas interpretações que se faz do livro, temos a sociológica. Sob esse parâmetro, Memórias Póstumas é um livro sobre seu tempo e costumes. Críticos que analisam características sociais da trama, destaque para Roberto Schwarz e Alfredo Bosi, notam a volubilidade do narrador da elite e analisam uns e outros personagens de acordo com a sua posição social,[31] além de centrarem-se no contexto ideológico do Segundo Império.[32] Contexto, datas e ambientação são informações importantes para esses críticos.[33] Entre as óticas sociológicas destaca-se as análises de Brás Cubas, homem de família abastada que desde a infância era mimado, uma personagem "beneficiária arrogante ainda que também humilhada da situação propiciada pela escravidão e pelas enormes desigualdades sociais."[34] Assim, o livro é visto como uma obra que assume o "ponto de vista da melancolia, da ruína e da morte ante a situação, rindo de quase tudo e ridicularizando também os dramas dessas frações beneficiárias, que, contudo, aparecem como comédia ou ópera-bufa."[34] Seria um beneficiário cínico que, como ele mesmo escreve no capítulo final, não trabalhou, não pagou o pão com o suor do rosto,[35] em alusão à Gênesis: "No suor do teu rosto comerás o teu pão",[36] mostrando que a propriedade herdada era muito importante para as personagens e a época, daí a luta constante entre ele e sua irmã Sabina e o cunhado Cotrim em ficar com o dinheiro do pai recém-morto e também da preocupação da divisão do espólio após a morte do próprio narrador.[37] Schwarz refere-se à obra como um retrato do liberalismo de fachada que convivia com o regime escravocata.[38]
Os críticos sociológicos também acreditam que o fato do protagonista ser morto o faz narrar sua vida com "total isenção" e inteiramente "desvinculado de qualquer relação com a sociedade" e, neste descomprometimento propiciado pela morte, possui o poder de dizer, falar, zombar e criticar quem e o que quiser.[39] Outros críticos que também se atém na temática da morte são os preocupados com interpretações cognitivas, existenciais ou psicológicas, que centram-se na figura do humorista melancólico e no discurso do homem subterrâneo, solitário e reflexivo.[32] Isso não quer dizer que muitas vezes uma interpretação englobe outras. Numa análise sócio-psicológica, por exemplo, críticos têm citado a trágica cena do Capítulo LXVIII em que Prudêncio, o moleque negro que na infância de Brás era seu cavalo de montar, quando fica mais velho e livre, compra um escravo para si próprio—cena que é considerada uma das páginas de ficção mais perturbadoras já escritas sobre a psicologia do escravismo.[40] Além disso, é interpretada como uma visão cética quanto aos malefícios da escravidão: violência gera violência e ao oprimido não basta a liberdade.[41] É estudado também o papel não só dos escravos mas de pessoas oprimidas na obra—como Eugênia e Dona Plácida, brancas e livres mas que não deixam de ser humilhadas e ingenuamente dominadas.[42]
A crítica literária não deixa de analisar o caráter filosófico do romance, com o seu Humanitismo e vê que o sarcasmo de Brás Cubas, diante do cientificismo propiciado por Charles Darwin e que no Brasil de 1880 ainda se "dava por coveiro da filosofia", reabre a interrogação metafísica e a perplexidade radical ante o ser humano.[43] De fato, esta filosofia é uma sátira ao positivismo de Comte, ao cientificismo do século XIX e à teoria de seleção natural.[44] Assim, um dos temas do livro, que concerne essa nova filosofia inventada pelo autor, é o de que o homem é sujeito à natureza e seus caprichos e não "soberano invulnerável da criação."[43] Surge pela primeira vez na prosa machadiana no Capítulo 157 de Memórias, recebendo um adendo no Capítulo 141, para comentar uma briga de cães. A partir disso, as ideias humanitistas acompanham Brás Cubas até o final do livro; este compreende a teoria, ao contrário do Rubião de Quincas Borba, onde a filosofia fictícia recebe maior explicação e destaque. Por outro lado, vasculhando outros temas, críticos psicanalistas têm notado as cenas de nervoso na obra e não separam a relação que elas tem com a própria saúde do autor, que se acredita ter sido epiléptico, embora não gostasse de tornar isso público, o que o teria feito omitir a palavra "epilepsia" de uma das edições ulteriores, mas que deixaria escapar na edição primeira ao descrever o padecimento da personagem Virgília diante da morte de Brás Cubas: Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica..., que fora substituída por: Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa... As interpretações sobre a obra foram sendo adquiridas e apresentadas por críticos diferentes ao longo do tempo; Alfredo Bosi escreveu que nenhuma interpretação sozinha, no entanto, seria suficiente para "compreender a densidade do olhar machadiano".
PERSONAGENS
O livro marca um tom cáustico e novo estilo na obra de Machado de Assis, bem como audácia e inovação temática no cenário literário nacional, que o fez receber, à época, resenhas estranhadas. Confessando adotar a "forma livre" de Laurence Sterne em seu Tristram Shandy (1759-67), ou de Xavier de Maistre, o autor, com Memórias Póstumas, rompe com a narração linear e objetivista de autores proeminentes da época como Flaubert e Zola para retratar o Rio de Janeiro e sua época em geral com pessimismo, ironia e indiferença — um dos fatores pelos quais a fez ser amplamente considerada a obra que iniciou o Realismo no Brasil.[1][2][3]
Narrado em primeira pessoa, seu autor é Brás Cubas, um "defunto-autor", isto é, um homem que já morreu e que deseja escrever a sua autobiografia. Nascido numa típica família da elite carioca do século XIX, do túmulo o morto escreve suas memórias póstumas começando com uma "Dedicatória": Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas. Seguido da dedicatória, no outro capítulo, "Ao Leitor", o próprio narrador explica o estilo de seu livro, enquanto o próximo, "Óbito do Autor", começa realmente com a narrativa, explicando seus funerais e em seguida a causa mortis, uma pneumonia contraída enquanto inventava o "emplastro Brás Cubas", panacéia medicamentosa que foi sua última obsessão e que lhe "garantiria a glória entre os homens". No Capítulo VII, "O Delírio", narra o que antecedeu ao óbito.
No Capítulo IX, "Transição", principiam propriamente as memórias. Brás Cubas começa revendo a própria infância de menino rico, mimado e endiabrado: desde cedo ostentava o apelido de "menino diabo" e já dava mostras da índole perversa quebrando a cabeça das escravas quando não era atendido em algum querer ou montando num dos filhos dos escravos de sua casa, o moleque Prudêncio, que fazia de cavalo. Aos dezessete anos, Brás Cubas apaixona-se por Marcela, "amiga de rapazes e de dinheiro",[5] prostituta de luxo, um amor que durou "quinze meses e onze contos de réis",[6] e que quase acabou com a fortuna da família.
A fim de se esquecer dessa decepção amorosa, o protagonista foi enviado a Coimbra, onde se formou em Direito, após alguns anos de boêmia desbravada, "fazendo romantismo prático e liberalismo teórico".[7] Retorna ao Rio de Janeiro por ocasião da morte da mãe. Depois de namorar inconseqüentemente Eugênia, "coxa de nascença",[8] filha de D. Eusébia, amiga pobre da família, o pai planeja induzi-lo na política através do casamento e encaminha o relacionamento do filho com Virgília, filha do Conselheiro Dutra, que apadrinharia o futuro genro. Porém Virgília prefere casar-se com Lobo Neves, também candidato a uma carreira política. Com a morte do pai de Brás Cubas, instaura-se um conflito entre ele e sua irmã, Sabina, casada com Cotrim, por conta da herança.
Perseguindo a celebridade ou procurando uma vida menos tediosa, Brás Cubas torna-se deputado, enquanto Lobo Neves é nomeado presidente de uma província e parte com Virgília para o Norte, porquanto que termina a relação dos amantes. Sabina arranja uma noiva para Brás Cubas, a Nhã-Loló, sobrinha de Cotrim, de 19 anos, mas ela morre de febre amarela e Brás Cubas torna-se definitivamente um solteirão. Tenta ser ministro de estado mas fracassa; funda um jornal de oposição e fracassa. Quincas Borba dá os primeiros sinais de demência. Virgília, já velha e desfigurada em sua beleza, solicita a ele o amparo à indigência de Dona Plácida, que morre em seguida. Morrem também Lobo Neves, Marcela e Quincas Borba. Eugênia é encontrada num cortiço. A última tentativa de glória, portanto, é o "emplasto Brás Cubas", remédio que curaria todas as doenças; ironicamente, numa de suas saídas à rua para cuidar de seu projeto, molha-se na chuva e apanha uma pneumonia, da qual vem a falecer, aos 64 anos. Virgília, acompanhada do filho, vai visitá-lo na cama e, após longo delírio, morre assistido por alguns familiares. Depois de morto, começa a contar, de trás para frente, a história de sua vida e escreve assim as últimas linhas do capítulo derradeiro:
- Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
O livro é permeado por intertextualidade e ironias. O segundo recurso logo nota-se na "Dedicatória" de Brás Cubas ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver. A ironia é vista como uma forma de "revolta pela vida" usada por Machado para fazer rir, quando como por exemplo Brás Cubas escreve: a sabedoria humana não vale um par de botas curtas [...] Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca à personagem que era coxa de nascença, num célebre exemplo de humor negro.[26] O primeiro recurso, por sua vez, refere-se às referências machadianas aos estilos de outros grandes autores do Ocidente: "Na maioria dos casos, essas referências são implícitas, só podem ser percebidas por leitores familiarizados com as grandes obras da literatura."[27] Brás Cubas, por exemplo, refere-se no início do livro à Xavier de Maistre e depois a obras como a Suma Teológica.[28] Por conta disso os críticos notam que o estilo machadiano é "culto" por "fazer uso da cultura e sua compreensão aprofundada exige cultura da parte do leitor."[29] Para saber mais sobre as intertextualidades no livro, vá à seção Influências literárias abaixo.
Entre as diversas interpretações que se faz do livro, temos a sociológica. Sob esse parâmetro, Memórias Póstumas é um livro sobre seu tempo e costumes. Críticos que analisam características sociais da trama, destaque para Roberto Schwarz e Alfredo Bosi, notam a volubilidade do narrador da elite e analisam uns e outros personagens de acordo com a sua posição social,[31] além de centrarem-se no contexto ideológico do Segundo Império.[32] Contexto, datas e ambientação são informações importantes para esses críticos.[33] Entre as óticas sociológicas destaca-se as análises de Brás Cubas, homem de família abastada que desde a infância era mimado, uma personagem "beneficiária arrogante ainda que também humilhada da situação propiciada pela escravidão e pelas enormes desigualdades sociais."[34] Assim, o livro é visto como uma obra que assume o "ponto de vista da melancolia, da ruína e da morte ante a situação, rindo de quase tudo e ridicularizando também os dramas dessas frações beneficiárias, que, contudo, aparecem como comédia ou ópera-bufa."[34] Seria um beneficiário cínico que, como ele mesmo escreve no capítulo final, não trabalhou, não pagou o pão com o suor do rosto,[35] em alusão à Gênesis: "No suor do teu rosto comerás o teu pão",[36] mostrando que a propriedade herdada era muito importante para as personagens e a época, daí a luta constante entre ele e sua irmã Sabina e o cunhado Cotrim em ficar com o dinheiro do pai recém-morto e também da preocupação da divisão do espólio após a morte do próprio narrador.[37] Schwarz refere-se à obra como um retrato do liberalismo de fachada que convivia com o regime escravocata.[38]
A crítica literária não deixa de analisar o caráter filosófico do romance, com o seu Humanitismo e vê que o sarcasmo de Brás Cubas, diante do cientificismo propiciado por Charles Darwin e que no Brasil de 1880 ainda se "dava por coveiro da filosofia", reabre a interrogação metafísica e a perplexidade radical ante o ser humano.[43] De fato, esta filosofia é uma sátira ao positivismo de Comte, ao cientificismo do século XIX e à teoria de seleção natural.[44] Assim, um dos temas do livro, que concerne essa nova filosofia inventada pelo autor, é o de que o homem é sujeito à natureza e seus caprichos e não "soberano invulnerável da criação."[43] Surge pela primeira vez na prosa machadiana no Capítulo 157 de Memórias, recebendo um adendo no Capítulo 141, para comentar uma briga de cães. A partir disso, as ideias humanitistas acompanham Brás Cubas até o final do livro; este compreende a teoria, ao contrário do Rubião de Quincas Borba, onde a filosofia fictícia recebe maior explicação e destaque. Por outro lado, vasculhando outros temas, críticos psicanalistas têm notado as cenas de nervoso na obra e não separam a relação que elas tem com a própria saúde do autor, que se acredita ter sido epiléptico, embora não gostasse de tornar isso público, o que o teria feito omitir a palavra "epilepsia" de uma das edições ulteriores, mas que deixaria escapar na edição primeira ao descrever o padecimento da personagem Virgília diante da morte de Brás Cubas: Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica..., que fora substituída por: Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa... As interpretações sobre a obra foram sendo adquiridas e apresentadas por críticos diferentes ao longo do tempo; Alfredo Bosi escreveu que nenhuma interpretação sozinha, no entanto, seria suficiente para "compreender a densidade do olhar machadiano".
PERSONAGENS
- Família de Brás Cubas
- Brás Cubas, personagem-protagonista.
- Sabina, irmã de Brás Cubas, casada com Cotrim.
- Cotrim, cunhado de Brás Cubas.
- Casos amorosos de Brás Cubas
- Marcela, prostituta e primeiro caso amoroso de Brás Cubas.
- Eugênia, filha de D. Eusébia, segundo amor do protagonista.
- Virgília, filha do Conselheiro Dutra, o grande amor de Brás Cubas, e amante dele.
- Nhã-Loló (Elália Damascena de Brito), pretendente a esposa de Brás Cubas, porém morre de febre amarela.
- Outros
- Quincas Borba (Joaquim Borba dos Santos), filósofo, teórico do Humanitismo, amigo de infância de Brás Cubas. (Recebe melhor retrato em Quincas Borba, romance seguinte.)
- D. Eusébia, amiga pobre da família Cubas.
- Conselheiro Dutra, homem bem posto no mundo da política, pai de Virgília.
- Lobo Neves, político e marido de Virgília.
- Luís Dutra, primo de Virgília.
- Dona Plácida, beata velha e pobre, empregada de Virgília e que protege os amantes.
- Secundários
- Prudêncio, moleque filho de escravos, servia de brinquedo na infância de Brás Cubas. Aparece ou é citado somente no Capítulo XI, XXV, XLVI e finalmente no LXVIII quando, já crescido e livre, é encontrado por Brás numa praça, batendo num escravo negro que ele comprou.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Veja dicas por disciplina e simulados para concurso dos Correios
O aguardado edital do concurso dos Correios para nível médio, que foi lançado na semana passada e substitui o de 2009, cancelado após briga judicial, traz 8.346 vagas em três cargos: atendente comercial, carteiro e operador de triagem e transbordo. Todos os candidatos farão provas de português, matemática e informática, no dia 15 de maio. Quem começou a estudar para o concurso que foi cancelado, cujas provas chegaram a ser marcadas duas vezes (19 de setembro e 28 de novembro do ano passado) e foram canceladas, leva vantagem porque o conteúdo das disciplinas teve poucas mudanças. Mas especialistas dizem que, como o conteúdo programático é relativamente simples, é possível o candidato garantir uma boa preparação a partir de agora, sem ter estudado para o concurso anterior.
O que os candidatos devem se atentar é ao estilo de prova do Cespe/UnB, que costuma avaliar habilidades que vão além da memorização, e abrangem compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação, com o intuito de valorizar a capacidade de raciocínio. Além disso, cada item da prova poderá contemplar mais de um objeto de avaliação. Por isso, os professores ouvidos pelo G1 recomendam que o candidato treine com provas anteriores da banca.
Por isso, o G1 traz simulados de português, informática e matemática com questões anteriores do Cespe/UnB compiladas por professores de três cursos preparatórios.
Clique aqui para ver o simulado de português
Clique aqui para ver o simulado de informática
Clique aqui para ver o simulado de matemática
De acordo com Paulo Estrella, diretor da Academia do Concurso, o conteúdo programático, igual para os três cargos, teve poucas alterações em comparação com o edital de 2009. “Como os conteúdos são relativamente simples, o concurso dos Correios é um dos poucos que permitem preparação com o lançamento do edital. Cada uma das três disciplinas vale 20 pontos, com o mesmo número de questões, ou seja, 33,33% do total de pontos da prova”, diz Estrella.
Por isso, de acordo com o especialista, o candidato pode dedicar o mesmo tempo de estudo para as três disciplinas. “O que pode balizar melhor os estudos do candidato é a dificuldade que ele encontra em cada uma das disciplinas, ou seja, quanto maior a dificuldade, maior o tempo que deve ser dedicado àquela matéria”, afirma.
Estrella recomenda que para reconhecer a dificuldade o candidato faça o maior número possível de questões de provas anteriores. “Esse procedimento é indispensável, já que algumas disciplinas dão ao candidato a sensação de domínio, como informática e português, em que a maioria dos usuários só percebe a dificuldade quando enfrenta questões de prova”, diz. Ele orienta que questões antigas podem ser achadas nas provas anteriores dos Correios e nos exames de múltipla escolha que o Cespe/UnB tenha feito.
Mudanças no edital e estilo da banca
Segundo Estrella, no edital de 2009 o cargo de atendente comercial tinha uma disciplina a mais, que foi retirada do concurso atual, com os assuntos de código de defesa do consumidor, lei postal e noções de ética. Na disciplina de português, as alterações foram apenas na forma de descrever o conteúdo, e em matemática houve a inclusão de poucos tópicos de geometria plana (área e perímetro) e a retirada de sistema monetário nacional que, apesar de não ser citado no edital, o conceito é necessário para o entendimento das taxas de juros que foram mantidas no novo edital. Já na disciplina de informática o Windows 2000 foi substituído pelo XP e Vista, e no novo edital os dispositivos e procedimentos de cópia de segurança e backup não estão sendo cobrados. “Com essas poucas mudanças, o esforço para quem estudou para o concurso de 2009 é mínimo para estar pronto para a nova prova”, diz.
Estrella diz que o Cespe/UNB tem preferência por determinados conteúdos e abordagens e, por isso, não cobra todos os itens do edital. “Com isso é fundamental que o candidato resolva o maior número de questões de provas anteriores para se familiarizar com os conteúdos e abordagens mais frequentes. As questões dessa banca são muito bem elaboradas com enunciado bem escrito”, afirma.
Outra recomendação de Estrella é que o candidato fique atento com as “pegadinhas” que são características da banca - pequenos detalhes do enunciado e nos itens de resposta definem a alternativa que deve ser marcada.
Exemplos práticos
Alexandre Prado, diretor do Concurso Virtual, diz que, apesar de o estilo da prova não ser o tradicional cobrado pela banca Cespe/UnB, de certo e errado (cada resposta incorreta anula um item correto), mas sim de múltipla escolha, a forma de abordagem dos temas será parecida, utilizando-se de exemplos práticos para aplicação das matérias. “Geralmente são colocados problemas do cotidiano, que obrigam o candidato a aplicar ensinamentos teóricos, portanto, trata-se da aplicação da teoria em casos concretos, de acordo com o conteúdo programático do edital”, diz.
Ele recomenda que quem estudou pelo edital anterior deve correr para aprender os conteúdos acrescentados em matemática e informática. “Mas não devemos esquecer que a matéria de português é a primeira a ser utilizada como critério de desempate.”
De acordo com Prado, na disciplina de informática, houve uma completa atualização da matéria em relação ao edital anterior, passando a cobrar as versões mais atuais de Windows, editor de texto e planilha, bem como editor de apresentação de slides.
Em razão de o candidato ter menos de dois meses para estudar, Prado indica que o candidato priorize as matérias que ele tenha mais dificuldade para obter o maior número de acertos na prova.
Matemática
Carlos André, professor de matemática do Complexo Educacional Damásio de Jesus, diz que com relação ao edital do concurso cancelado o conteúdo programático mudou bastante, passando a abranger outros tópicos não explorados anteriormente, como geometria e itens de matemática financeira.
Ele afirma que o Cespe costuma dar prioridade aos seguintes tópicos: problemas envolvendo máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum, parte de divisão e razão proporcional direta, inversa e composta, regra de três simples, juros simples e compostos. Já em geometria plana os conceitos normalmente mais abordados são as principais figuras planas e volume do paralelepípedo e do cubo.
“As antigas bancas que faziam os concursos dos Correios cobravam as disciplinas de forma mais direta e objetiva. Já o Cespe costuma exigir um pouco mais de interpretação nas questões e isso demanda um pouco mais de atenção do candidato. Por isso, ele deve treinar as questões anteriores para se habituar com a maneira como são cobradas", diz.
Informática
Roberto Andrade, professor de informática do Centro de Estudos da Língua Portuguesa (Celp), alerta que os tópicos do conteúdo programático apenas citam os softwares e conceitos que serão cobrados, mas não especificam o que será exigido em cada software, obrigando o candidato a realizar um estudo bem amplo de cada assunto. Ele diz que devem ser observadas as “pegadinhas” e o jogo de palavras (somente, todas, obrigatoriamente, pode, permite etc), bem como a terminologia técnica e as siglas sempre presentes nas questões, tais como Wi-Fi, ADSL, PLC, CISC, FTP. “O Cespe é uma banca examinadora antenada com as novidades tecnológicas”, diz.
Ele afirma que os assuntos mais sobrados serão internet/redes (www, correio eletrônico, e-mail e webmail, protocolos de aplicação (HTTP, HTTPS, SMTP, POP, IMAP, FTP), browser, Firewall (Proxy) e as novidades da Web 2.0 (armazenamento e ferramentas online); sistema operacional (Windows e conceitos básicos de hardware, manipulação de arquivos (copiar, colar, recortar, fechar e suas teclas de atalho), extensão dos arquivos (.pptx, .docx, .xlsx), painel de controle, memórias principais (ROM e RAM) e secundárias (CD, DVD, Bluray, HD), componentes do computador (modem, placa de rede, vídeo) e periféricos (impressora, teclado, scanner); suíte Office – Word, Excel e Powerpoint (edição e formatação de texto, salvar arquivos, fórmulas e funções do Excel) e produção e exibição de slides.
Ele recomenda que o candidato estude a parte teórica básica de um tema, depois pratique o maior número de questões para que as dúvidas apareçam e os estudos sejam aprofundados. “O candidato deve começar pelos temas mais difíceis e que desagradam, pois quando ficar cansado terão sobrado apenas os temas mais fáceis, e só deve passar para outro tema depois de esgotar todas as possibilidades”, indica.
Português
Carlos Calil, professor de português do Curso Robortella, diz que o Cespe/UNB tem tradição em alguns tópicos de português e, por isso, há questões que sempre apresentam em suas provas.
Calil recomenda estudar o emprego de pronomes, os tempos e os modos verbais e seu reconhecimento e, principalmente o emprego das conjunções, além de concordância verbal e nominal e crase - nesse último caso se atentando a regras de regência verbal, de pronomes demonstrativos, substantivos femininos e masculinos e nomes de lugares.
De acordo com ele, a preferência da banca examinadora é por textos dissertativos, versando sobre tema da atualidade e, de preferência, ligados a assuntos pertinentes ao concurso, predominando a linguagem denotativa (própria) e a conotativa (figurada). Por isso, pede-se que o candidato identifique as palavras-chaves (palavras principais) dentro de um texto, dividindo-o em parágrafos.
De acordo com ele, o candidato deverá ficar atento às questões que envolvem a morfologia e sintaxe como coordenação, subordinação, concordância e regência.
Teste físico
Para quem for concorrer aos cargos de carteiro e operador de triagem e transbordo haverá ainda teste físico, com barra fixa, teste de corrida de 12 minutos e testes de dinamometria.
Elon Junior, especialista em preparação física para concursos da EFFísica, diz que o candidato deve começar a treinar desde já e não esperar para praticar exercícios após a divulgação da lista de aprovados na prova objetiva. “O tempo da prova objetiva até o dia do teste físico gira em torno de duas a quatro semanas, tempo insuficiente para ganho de performance em determinados exercícios, principalmente o da barra”, diz.
Para quem não tem o hábito de fazer exercícios, ele recomenda treino de no mínimo uma hora por dia, durante três vezes por semana, de preferência no horário da manhã, para também deixar o candidato mais disposto para os estudos. Já quem está acostumado a se exercitar pode manter o mesmo tempo diário, treinando de segunda a sábado e dividindo os testes por dia. Exemplo: de segunda, quarta e sexta trabalha três tipos de exercícios e na terça, quinta e sábado trabalha outros dois tipos.
Na véspera da prova física, recomenda-se descansar. O professor aconselha ingerir alimentos ricos em carboidratos para gerar energia no dia da prova. Elon Junior recomenda ainda que o candidato evite até o teste esportes de contato e atividades radicais, como lutas em geral, futebol, handebol, escalada, rapel e trilhas, pois indisposições, cãibras e contusões não serão levadas em consideração na hora da prova.
Quanto à corrida, o professor orienta que os candidatos comecem a treinar em horários diurnos, em ciclovias ou pistas de atletismo para simularem o dia da prova e se adaptar ao fator tempo, tipo de solo e o lado psicológico de correr em voltas.
“O candidato precisa ainda se familiarizar com os dinamômetros, aparelhos que medem a força da musculatura exigida (mão, dorso e escapula), para não ser pego de surpresa no dia do teste”, diz.
UFRN inicia inscrição para solicitar isenção da taxa do Vestibular 2012
A Comissão Permanente de Vestibular da UFRN inicia nesta segunda-feira as inscrições para solicitação de isenção do pagamento da taxa do Vestibular 2012.
Clique aqui e confira o edital completo
De acordo com o edital, a inscrição para solicitar a dispensa da taxa pode ser feita exclusivamente pela internet das 8h do dia 18 de abril às 23h59 do dia 15 de maio de 2011.
A divulgação dos candidatos selecionados, será feita no site da Comperve (www.comperve.ufrn.br) a partir do dia 4 de julho de 2011.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Comperve divulga edital para isenção da taxa de inscrição no vestibular 2012
A Comissão Permanente do Vestibular (COMEPRVE) publicou o edital para os candidatos que queiram se isentar da taxa de inscrição para o processo seletivo 2012. A inscrição é feita exclusivamente via Internet, das 8h do dia 18 de abril até as 23h59 do dia 15 de maio deste ano.
O pedido de isenção é permitido somente aos alunos que tenham cursado, com aprovação, o 2º ciclo do ensino fundamental (6º ao 9º anos) e os dois primeiros anos do ensino médio em escolas públicas ou credenciadas no Conselho Nacional da Assistência Social e/ou Estadual e Municipal, como filantrópicas, e que tenham cursado ou estejam cursando o último ano do ensino médio nas mesmas escolas citadas anteriormente.
O estudante que, no vestibular 2011, foi selecionado como isento e não efetuou sua inscrição ou faltou a pelo menos um dia de aplicação das provas, não poderá concorrer ao processo de isenção.
Para se inscrever, o candidato deve acessar o site da COMPERVE, preencher na íntegra o formulário de inscrição, enviá-lo eletronicamente e imprimir o comprovante. Feito isso, entregar, de uma só vez, cópia dos seguintes documentos: comprovante de inscrição; histórico do ensino fundamental e do 1º e 2º anos do ensino médio; declaração de que está cursando, em 2011, o último ano do ensino médio; histórico do ensino médio (caso já tenha concluído); comprovante de que foi aprovado na disciplina que cursou por meio de progressão parcial (se for o caso); e documentos de identificação.
As cópias devem ser entregues nos dias úteis de 18 de abril a 16 de maio de 2011, das 7h30 às 11h30 ou das 13h30 às 17h30, na sede da COMPERVE ou enviadas via Correio, com Aviso de Recebimento, endereçada à COMPERVE. O resultado da seleção será divulgado a partir do dia quatro de julho de 2011, no site da COMPERVE: www.comperve.ufrn.br.
quarta-feira, 23 de março de 2011
CESPE DIVULGA EDITAL PARA CONCURSO DOS CORREIOS .
Os postos oferecidos são para o cargo de Agente de Correios, nas atividades de Atendente Comercial, Carteiro e Operador de Triagem e Transbordo
Iniciam no dia 23 de março as inscrições para o concurso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que oferece 8.346 vagas e formação de cadastro de reserva para o cargo de Agente de Correios, de nível médio. Os candidatos poderão disputar postos em três atividades: Atendente Comercial (2.272 vagas), Carteiro (5.060) e Operador de Triagem e Transbordo (1.014). Os interessados podem confirmar participação pelo endereço eletrônico www.cespe.unb.br/concursos/correiosagente2011 até o dia 5 de abril. A taxa de inscrição é R$ 32,00.
O salário-base é de R$ 807,29 acrescido de uma série de benefícios (condicionados à previsão no Acordo Coletivo de Trabalho vigente e aos critérios estabelecidos pelas normas internas da ECT), como vale-alimentação/refeição, vale transporte, auxílio creche ou auxílio babá, auxílio para filhos dependentes portadores de deficiência física, assistência médica e odontológica e Plano de Previdência Complementar, além de Plano de Cargos, Carreiras e Salários estruturado e possibilidade de desenvolvimento profissional.
O certame será dividido em duas fases. A primeira, de provas objetivas, será de responsabilidade do Cespe/UnB, com aplicação prevista para o dia 15 de maio, em 345 municípios de todas as regiões do país. A segunda, de avaliação de capacidade física laboral para as atividades de Carteiro e Operador de Triagem e Transbordo, será de responsabilidade da ECT.
SERVIÇO
CONCURSO: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
CARGO: Agente de Correios, nas atividades de Atendente de Correios, Carteiro e Operador de Triagem e Transbordo.
VAGAS: 8.346
INSCRIÇÕES: de 23 de março a 5 de abril.
TAXA DE INSCRIÇÃO: R$ 32,00
SALÁRIO-BASE: R$ 807,29 mais benefícios.
PROVA OBJETIVA: data provável de 15 de maio.
CONTATO
Outras informações no endereço eletrônico www.cespe.unb.br/concursos/correiosagente2011 ou na Central de Atendimento do Cespe/UnB, de segunda a sexta, das 8h às 19h – Campus Universitário Darcy Ribeiro, Edifício Sede do Cespe/UnB – pelo telefone (61) 3448 0100.
terça-feira, 22 de março de 2011
EDITAL DO CONCURSO DOS CORREIOS PODE SAIR A QUALQUER MOMENTO.
Concurseiros, preparem-se! De acordo com a assessoria de imprensa da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), o edital do concurso que irá contratar 9.190 novos servidores deverá sair a qualquer momento. Após muitas reviravoltas com o certame lançado em 2009, cancelado por suspeitas de irregularidades na contratação da Fundação Cesgranrio, enfim uma “luz no fim do túnel”.
Muitas informações já estão confirmadas, como os cargos a serem oferecidos: serão 5.060 chances para carteiros, 2.272 para atendentes, 1.014 para operadores de triagem e transbordo, 796 para analistas de correios e 48 para profissionais de Medicina e Segurança do Trabalho. O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) será o organizador do certame. As provas objetivas estão previstas para o mês maio.
terça-feira, 15 de março de 2011
Correios escolhem Cespe/UnB para fazer concurso para 8 mil vagas
Está confirmado: o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) foi escolhido pela Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) como organizador de seu próximo certame. As informações foram publicadas na página 75, seção 3, do Diário Oficial da União desta segunda-feira (14/3).
As funções também já foram definidas. Segundo a nota de extrato de dispensa de licitação, haverá oportunidades para quem possui formação de nível médio e superior nos cargos de agente de correios, analista de correios, analista de saúde, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho e técnico de segurança do trabalho. O valor do contrato do concurso também foi divulgado: R$ 32.770.000,00.
De acordo com a assessoria de imprensa dos Correios, ainda não há confirmações sobre número de vagas ou salários; há apenas a informação de que o edital de abertura do certame deve ser lançado a partir da semana que vem. Anteriormente, o órgão havia divulgado que deveriam ser abertas cerca de 8 mil vagas para atuação em todo o país.
Concurso cancelado
A seleção irá substituir o certame lançado pela empresa em 2009, que contou com a inscrição recorde de 1.064.209 candidatos para 6.565 vagas. O concurso acabou sendo cancelado por suspeitas de irregularidades na contratação da Fundação Cesgranrio para organização do concurso.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Estado suspende concursos públicos e novas nomeações
À exemplo do governo federal, que suspendeu a realização de novos exames e até a nomeação de pessoas já aprovadas para serviços públicos federal, dentro do pacote de corte de R$ 50 milhões, o governo do Estado adota a medida semelhante. No âmbito estadual, conforme garantiu o secretário de administração e recursos humanos Manoel Pereira, o motivo da suspensão dos concursos e nomeações seria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que proíbe o Executivo aumentar gastos com folha de pagamento, na atual situação financeira que os cofres públicos se encontram.
Com isso, concursos públicos realizados ano passado, como do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN), cuja homologação deveria ter ocorrido em 8 de fevereiro, e mesmo da Polícia Civil, no qual os aprovados já participaram de curso de formação e esperam a nomeação para os cargos, não tem data para acontecer. Segundo o secretário, não há como prever, “antes de arrumar a casa” e conhecer a disponibilidade orçamentária ao final do primeiro quadrimestre e reavaliar os processos em andamento.
“Diante destes fatos, não podemos homologar, contratar ou promover um novo concurso sem ir contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Sob risco de incorrer em uma ilegalidade, uma improbidade administrativa por se tratar de uma lei maior. A lei complementar número 1001”, enfatiza Manoel Pereira. Desta forma, reforça o secretário “os trâmites dos concursos do Detran, Polícia Civil e da educação ficam suspensos”.
Questionado sobre a paralisação do certame do Detran, cuja realização obedeceu a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado entre o órgão de trânsito e o Ministério Público Estadual para atender as reivindicações e por fim a greve da categoria, Manoel Pereira foi emblemático: “Precisamos, o Executivo, que este mesmo Ministério Público nos explique como proceder a contratação sem cair na Lei de Responsabilidade Fiscal”.
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN) realizou, depois de 32 anos, concurso público em 5 de dezembro de 2010. Foram oferecidas 285 vagas, para o provimento dos cargos do quadro efetivo de pessoal: Assessor Técnico, Assistente Técnico, Analista de Suporte, Eletricista Programador, Programador e Vistoriador Emplacador. Os vencimentos iniciais são de R$ 799,30, para nível médio, e para nível superior, R$ 1.634,49. O concurso visa suprir o deficit de pessoal.
No Detran, segundo dados da Searh, existem hoje 269 funcionários no quadro efetivo e a secretaria convocou, em caráter excepcional, o retorno de 68 estagiários. “Os estagiários estão fazendo o trabalho dos técnicos. Porque há quase 300 funcionários, mas quando tiramos os estagiários a população ficou a mercê. Esses são pontos que precisam melhor discussão. Não é só um concurso que corrige”, afirma. Classificado em 1º lugar para a vaga de vistoriador e inspeção veicular do Detran, o agente de pesquisa e mapeamento Rogério Fernandes Silva, 27, lamenta o descaso como os classificados estão sendo tratados. Uma comissão já entrou com denúncia junto ao Ministério Público e aguarda um posicionamento para o caso. “Não dá para confiar no Estado. Todo o processo foi pautado por atraso e desorganização”, afirma.
A administradora de empresa Aline Beatriz Cunha Lustosa Dantas, 30, classificada em 8º lugar para cargo de vistoriador, está em situação mais difícil. Para se preparar melhor para a vaga, ela pediu demissão da empresa em que trabalhava. “Cumprimos nossa parte no concurso, que é a aprovação. Se há vagas, necessidade do Detran e concursados por que não resolver logo?”, questiona. O programador Tharles Dias, também aguarda a convocação. “A informação que tivemos é que o concurso foi arquivado e não nos dão nenhuma satisfação. Um descaso”, lamenta uma comunidade na rede social orkut.
Enquanto as nomeações não ocorrem, o serviço prestado na repartição continua precário e sendo feito por terceirizados, pessoal cedido de outras repartições do Estado e bolsistas. “Todos os setores e serviços estão prejudicados com a escassez de pessoal. Hoje temos formas de compensar, mas o ideal é ter o funcionário de carreira. Vamos aguardar a decisão de governo, porque dependemos do limite prudencial”, pondera Érico Ferreira de Souza, diretor geral do Detran.
O presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta (Sinai), Santino Arruda, não aceita a “desculpa” de limite prudencial, alegada ao longo de mais de 30 anos para a não contratação de pessoal. “Essa é mais uma medida protelatória do governo para restabelecer o serviço do Detran, que há muitos anos, busca esse concurso. Reconvocar estagiários é aprova do caos em que o departamento de trânsito se encontra”. A homologação e a convocação imediata no concurso fazem parte da pauta de reivindicações para a campanha desse ano. As negociações se iniciam na próxima semana.
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